Azemag Análise de Dados - Vendas de Veículos

A indústria de veículos automotores desempenha um importante papel para a formação do PIB nacional, respondendo por aproximadamente 5% de toda a riqueza gerada no Brasil (BNDES, 2018).

Trata-se de um agente fomentador de tecnologia, produtividade e inovação neste ramo da economia. Porém, essa mesma atividade apresentou uma flutuação de grande amplitude nos números da sua produção e nos níveis de licenciamentos anuais de veículos automotores 0km nos últimos 10 anos.

De acordo com os dados disponibilizados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA, 2021), entre os anos de 2011 e 2013 o número de veículos novos licenciados anualmente foi superior ao número de veículos produzidos.

Entretanto, entre 2014 e 2020 essa relação se inverteu. Nesse período ocorreu um aumento da ociosidade na capacidade instalada das montadoras brasileiras. O mercado nacional passou a absorver menos veículos automotores, proporcionando assim um superávit de produção que convergiu no aumento dos estoques nas fábricas.

Nesse período, a maior diferença em termos absolutos ocorreu no ano de 2017. Na ocasião, o número de veículos produzidos foi superior ao número de veículos licenciados em 741.662 unidades.

Já a menor diferença aconteceu em 2020, quando foram produzidos 167.237 veículos a mais do que se licenciou nos Detrans de todos os estados brasileiros.

Vale ressaltar que esses números se referem as somas totais de veículos leves, caminhões e ônibus, produzidos e comercializados anualmente no território nacional.

Os resultados da produção e dos licenciamentos de veículos automotores no ano de 2020 foram impactados de forma contundente pela pandemia de Covid-19. Diante de um fator tão extraordinário, a produção de 2,01 Milhões de veículos em 2020 ficou registrada como aquela que apresentou o pior resultado do setor na última década.

As taxas de variação no número de veículos licenciados anualmente demonstram que existe a possibilidade de se concretizar um cenário mais promissor para o setor, considerando as projeções de vendas dos próximos anos.

A partir de 2018, as taxas de variação nos números de licenciamentos se tornaram mais positivas, quando comparadas com as taxas de crescimento dos veículos produzidos anualmente.

Desta maneira, o mercado apresentaria uma tendência para se tornar mais receptivo à aquisição de veículos 0km nos próximos anos.

Entre os anos de 2017 e 2019, as montadoras embalaram taxas de crescimento positivas na produção de veículos o que representaria em tese, uma crescente evolutiva dos números para o ano de 2020 – caso não ocorresse a crise sanitária.

Ao se projetar a produção de 2020, considerando as quantidades produzidas anualmente entre os anos de 2017 e 2019 e desconsiderando o cenário ocasionado pela pandemia, chega-se ao número de 3,06 Milhões de unidades, sendo esse muito próximo da produção realizada no ano de 2014, que foi de 3,15 Milhões de unidades.

Para dimensionar essa projeção, utilizou-se o recurso de “Previsão” da ferramenta de business Intelligence – Power BI da Microsoft.

Desta maneira, seria possível constatar com um certo nível de assertividade, que a pandemia derrubou a produção nacional de veículos automotores em aproximadamente 1,05 Milhão de unidades no ano de 2020.

Certamente que se trata de um cenário abrangente, pois a crise sanitária de 2020 afetou os resultados das montadoras em todos os países produtores.

Porém, quando se observa a instabilidade que ocorreu na última década no mercado nacional, percebe-se o quão difícil é para o setor automobilístico criar um planejamento estratégico de longo prazo, tangível e executável no Brasil.

Clóvis Roberto Regis