Os efeitos que a pandemia de Covid-19 trouxe para as atividades econômicas no Brasil em 2020 foram substanciais. As medidas de distanciamento social, fundamentais para manter o controle de propagação desta enfermidade, alteraram parcialmente as formas de trabalho nas organizações públicas e privadas. Tais alterações visaram garantir a oferta de produtos e serviços, procurando também manter os níveis de emprego e renda da população.
Neste contexto o trabalho remoto, também conhecido como Home Office, foi potencializado e se transformou em um relevante agente mantenedor de diferentes atividades econômicas no Brasil durante o ano de 2020.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2021), com dados fornecidos pela pesquisa PNAD Covid-19 do IBGE em 2020, o percentual de pessoas em trabalho remoto no mês de maio/2020 foi de 13,3% do total de pessoas ocupadas não afastadas naquele mesmo mês. Já em novembro/2020, último mês da pesquisa, esse percentual caiu para 9,1% do número de pessoas ocupadas sem afastamento.
Em números absolutos, uma massa de 8,71 Milhões de pessoas trabalharam no Brasil em home office no mês de maio/2020 (de maneira formal e informal). No mês de novembro/2020 esse número havia reduzido para 7,33 Milhões.
Nesse mesmo período, o número de pessoas ocupadas sem afastamento saltou de 65,44 Milhões para 80,23 Milhões de profissionais, tendo como causa primária o afrouxamento das medidas de distanciamento social.
Fonte: IPEA (2021).
Percebe-se que no decorrer do período apresentado ouve uma retração de 1,38 Milhão, no número de pessoas em trabalho remoto no Brasil.
Ao se estratificar o número total de pessoas trabalhando remotamente, considerando as atividades públicas e privadas, observa-se que o setor privado foi o principal agente influenciador da redução apresentada no número de profissionais em home office neste período.
O setor privado retirou do trabalho remoto e provavelmente realocou nas suas estruturas físicas um total de 1,45 Milhão de pessoas.
Já o setor público apresentou um saldo positivo 70 mil pessoas nesta mesma modalidade de trabalho, de maio a novembro de 2020.
Fonte: IPEA (2021).
A massa salarial recebida pelas pessoas que trabalharam em home office no mês de maio/2020 foi equivalente a 23,0% da massa salarial total disponibilizada a todos os profissionais brasileiros não afastados naquele mesmo mês. Já em novembro/2020, esse percentual foi de 17,4%.
Essa taxa correspondeu ao recebimento efetivo de R$ 32 Bilhões, quantia esta disponibilizada aos profissionais que trabalharam remotamente em novembro/2020.
A média dos rendimentos recebidos pelos profissionais que trabalharam em home office no Brasil no mês de novembro/2020 foi de R$ 4.365,62 – valor esse calculado conforme as informações disponibilizadas pelo documento do IPEA.
Segmentando geograficamente esta massa de rendimentos, verifica-se que o estado de São Paulo respondeu por 38,4% de toda a massa salarial recebida pelos profissionais em trabalho remoto no Brasil, considerando o período analisado.
Porém, quando se observa o percentual de rendimentos recebidos pelas pessoas em home office, relacionando-se com a massa salarial total de cada UF, constata-se que o Distrito Federal desponta em primeiro lugar no ranking nacional com 32,6%.
Nas duas situações apresentadas, o estado do Rio de Janeiro apareceu em segundo lugar no ranking nacional com 15,0% e 27,8% respectivamente.
O perfil dos profissionais em trabalho remoto demonstrou as seguintes características predominantes: gênero feminino; pessoas brancas; faixa etária entre 30 e 39 anos; ensino superior completo.
Vale destacar que o perfil geral da modalidade de trabalho remoto no Brasil, observando o período analisado nesta pesquisa, demonstra que o ramo de Serviços despontou como sendo o maior empregador de mão de obra nesta modalidade. O setor público apareceu em segundo lugar.
O documento do IPEA, com os dados levantados pela pesquisa PNAD Covid-19 do IBGE, demonstrou que a modalidade de trabalho remoto no Brasil é uma opção que já se mostra robusta no contexto do emprego e renda.
A massa salarial gerada é relevante e se demonstra versátil como opção a ser utilizada em momentos de crise econômica ou sanitária.
Autor: Clóvis Roberto Regis – formado em Engenharia de Produção, com especializações em Gestão da Qualidade e Desenvolvimento Regional.
Referência: IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Carta de Conjuntura Número 50, Nota de Conjuntura 8, 1° Trimestre 2021. Brasília. 2021.
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